“Francis Hime: ensaio e entrevista”: livro marca os 60 anos de carreira do compositor

Um dos grandes nomes da MPB, o carioca Francis Hime, nascido em 1939, chega a seis décadas de carreira sem sinais de diminuir o ritmo. Na juventude, a hesitação entre a música e a engenharia lhe custou alguns anos de visibilidade: seu primeiro álbum solo (hoje considerado um clássico) só viria em 1973, quando já tinha canções gravadas pelos maiores intérpretes brasileiros.

Depois disso, no entanto, não parou mais, num fôlego espantoso mesmo para os padrões elevados da nossa música. Sua arte abrange a canção popular, a música de concerto e as trilhas sonoras, com cruzamentos mestiços entre as formas trazendo riqueza e originalidade.

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Na orelha do livro, Gregório Duvivier fala da importância de Francis Hime em nossa música:

“Não se consegue ouvir uma música do Francis pela primeira vez, porque elas não parecem ter sido inventadas pelo próprio, mas descobertas. Atenção: quem pensa que é fácil encontrar melodias é porque nunca tentou procurá-las. Não basta que as melodias pareçam anteceder ao autor, elas também precisam não existir antes dele. Uma melodia que já exista não é um clássico, é um plágio. O gênio do compositor reside em encontrar tesouros inéditos, praias virgens, planetas inabitados — mas cheios de água fresca.”

A abrangência de seu trabalho passa também pelo número de funções exercidas (cantor, compositor, instrumentista, arranjador, regente, produtor, letrista bissexto) e pela multiplicidade de parceiros, passando de setenta. Seus grandes sucessos populares estão concentrados na histórica parceria com Chico Buarque (“Atrás da Porta”, “Passaredo”, “Meu Caro Amigo”, “Trocando em Miúdos”, “Vai Passar”, entre outros títulos), mas também compôs em grande escala com Vinicius de Moraes, Ruy Guerra, Paulo César Pinheiro, Olivia Hime, Cacaso e Geraldo Carneiro, além de criações ocasionais com quase todos os grandes letristas do país.

Gregório também conta uma história curiosa do compositor:

Uma vez, Francis conta que compôs uma melodia que já tinha sido encontrada anteriormente por Pixinguinha. Ao invés de descartá-la, fez nascer de dentro dela uma nova melodia — a belíssima “Cada Canção”, que evoca Pixinguinha, mas entorta sua sintaxe, driblando a original “Vou Vivendo”, ao mesmo tempo em que louva, na letra da Olivia Hime, sua filiação.

Este livro combina um ensaio sobre a arte de Francis Hime, escrito pelo jornalista André Simões, com uma longa entrevista em que o compositor repassa toda a sua carreira, compartilhando sua intimidade e nuances de seu processo criativo com o leitor. O volume se completa com uma rica iconografia, com mais de 150 imagens, e discografia e musicografia completas do artista.

Saiba mais sobre o livro aqui!

Sobre o autor:


André Simões, paulistano nascido em 1985, é jornalista e escritor. Lançou os livros de crônicas e contos A arte de tomar um café (Londrina, Atrito Art, 2010) e 23 minutos contados no relógio (São Paulo, Patuá, 2018). Como repórter, teve passagens pelas redações da Gazeta do Povo, do Jornal de Londrina e do Diário de Maringá. É especialista em Canção Popular pela Faculdade Santa Marcelina (FASM), de São Paulo, e mestre em Letras pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), tendo defendido a dissertação O ato e o fato: a crônica política de Carlos Heitor Cony. Em 2022 concluiu o doutorado no curso de Comunicação e Semiótica da PUC-SP, com a tese O eu feminino na canção brasileira: desenvolvimento cultural entre 1901 e 1985.

Ficha Técnica:


Francis Hime: ensaio e entrevista
André Simões
Coleção Música
384 p.
16 x 23 cm
665 g.
ISBN 978-65-5525-136-4
R$ 84,00

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