“As cruzadas vistas pelos árabes”: Amin Maalouf traz olhar não europeu para as cruzadas

Você sabe o que foi as cruzadas? Provavelmente sim. O que você não sabe é que esta história tem um outro lado, talvez ainda maior do que o que você conhece e este é o lado do outro lado do mundo durante o mesmo período. As cruzadas vistas pelos árabes tem o objetivo de ampliar a perspectiva histórica ocidental a respeito de um acontecimento que, embora ocorrido há cerca de mil anos, ainda é uma marca na relação de duas partes do planeta.

Nesse romance histórico, príncipes islâmicos difamados pelos cronistas ocidentais, como Noradine, Saladino e Baibars, são apresentados como heróis. Inversamente, os “cruzados” tornam-se bárbaros, ou pior ainda, “os canibais de Maarate”.

“Uma surpreendente imagem espelhada de eventos que são tão familiares ao Ocidente quanto os contos de fadas.”
New Yorker

As cruzadas vistas pelos árabes é a história “ao contrário”. De origem libanesa, Amin Maalouf escreveu um romance com base nos olhos árabes e, para isso, recorreu às obras de historiadores arabistas medievais. No livro, príncipes islâmicos difamados pelos cronistas ocidentais, como Noradine, Saladino e Baibars, são apresentados como heróis. Inversamente, os “cruzados” tornam-se bárbaros, ou pior ainda, “os canibais de Maarate”. Como no seu romance Léon l’Africain [Leão, o Africano], Amin Maalouf propõe uma nova imagem do mundo árabe, para ver apreciada para um público mais amplo.

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Para narrar a versão dos olhares árabes sobre as Cruzadas, Amin Maalouf utilizou relatos da época feitos por habitantes das regiões invadidas. A principal base é de registros feitos por emires, um título nobre da aristocracia árabe concedido a líderes e militares islâmicos. 

Segundo o autor, a inspiração para o livro surgiu quando ele foi estudar na França, em 1976, e percebeu que as pessoas dividiam os países entre capitalistas e comunistas. Para ele, era importante apresentar um novo “lado”, para compreender que o mundo vai além da escolha simplista de uma visão ideológica e da ignorância de outras perspectivas.

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Do que fala As cruzadas vistas pelos árabes?

Julho de 1096: faz forte calor sob as muralhas de Niceia.

À sombra das figueiras, nos jardins floridos, circulam notícias inquietantes: uma tropa composta por cavaleiros, infantaria, mas também mulheres e crianças, marcha sobre Constantinopla. Diz-se que trazem às costas tiras de pano em forma de cruz. Eles afirmam que estão vindo para exterminar os muçulmanos pelo caminho até Jerusalém, e estão chegando aos milhares. Trata-se dos franj – os francos, segundo os árabes.

Eles permanecerão por dois séculos na Terra Santa, saqueando e massacrando para a glória de seu deus. Esta bárbara incursão do Ocidente no coração do mundo muçulmano marca o início de um longo período de decadência e obscurantismo. Ainda hoje é sentida, no Islã, como a pior das violações.

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Sobre o autor:

Amin Maalouf é um jornalista e romancista libanês, descrito como um dos escritores mais influentes do mundo árabe. Seus romances misturam eventos históricos, amor romântico, fantasia e imaginação, abordando de maneira profunda e central a natureza e a condição do homem contemporâneo, por meio de uma investigação filosófica e psicológica.

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