“Adeus, Ternura”: Peça se inspira no brega em história de solidão, amizade e resistência 

Adeus Ternura se inspirou no gênero musical brega para contar uma história de solidão, paixão, amizade e resistência que se passa na última noite de um bar, prestes a fechar 

Autor de “Adeus, Ternura”, Rafael Souza-Ribeiro escreveu um espetáculo para ser um grande plano sequência, encenado em tempo real, a partir da pesquisa realizada pelo Bando de Palhaços, tendo como uma das referências o livro “Eu não sou cachorro, não: música popular cafona e ditadura militar”, de Paulo Cesar de Araújo.

“A peça se passa numa única noite num bar que é ameaçado de fechar para dar lugar a mais uma farmácia”, explica o dramaturgo

. “O Bar Ternura é um local de encontro, de sonho e de alegria. O espetáculo é uma homenagem a esses tipos brasileiros que vemos nos bares, nas praças e nas cidades e que ainda encontram forças para acreditar no amor, na paixão, na força transformadora da música e lutam diariamente contra uma realidade dura que nos empobrece não só materialmente”, conta.

Foto: Victor Pollak

Quinto espetáculo do Bando de Palhaços, “Adeus, Ternura” é a primeira peça adulta do grupo, que tem 12 anos de trajetória. Essa montagem representa uma nova fase do grupo, uma mudança na pesquisa artística, antes voltada para a família.

“O ponto de partida dos espetáculos anteriores era o jogo e a improvisação. A dramaturgia era construída a partir da cena”, conta a atriz Camila Nhary.

“Em ‘Adeus, Ternura’, nos desafiamos a mudar a ordem das coisas e, pela primeira vez, estamos construindo a peça a partir da dramaturgia e nos descolando da imagem do palhaço”, revela.

Apesar de não trazer elementos explícitos da palhaçaria, como o nariz vermelho, a figura do palhaço está presente em cena de uma maneira desconstruída, do avesso. O diretor Rodrigo Portella tem contribuído para esse trabalho de transformação, alcançando lugares mais extremos. 

“Sou um diretor que acredita que todo ator – e todo ser humano também, independente da profissão – deva passar pela palhaçaria. Associamos o palhaço ao cômico e ao riso. E tenho aprendido, com o Bando, que ele não está ali para fazer rir ou para entreter. A palhaçaria é um terreno que oferece autoconhecimento, uma oportunidade de nos olhar por uma nova perspectiva, de encontrar nosso ridículo, nossas mazelas, aquilo que é incompleto e imperfeito. Aí é que está a beleza. Quando nos damos conta disso, conseguimos nos relacionar melhor com o mundo, com o outro e com nós mesmos”, diz o diretor, que também assina a iluminação da peça.

Com 12 anos de estrada, o Bando de Palhaços tem um reconhecido trabalho de experimentação, atuação e pesquisa de teatro a partir da música. Em “Adeus, Ternura”, convidou o diretor musical Marcello H, que já trabalhou com a atriz Camila Nhary, com o diretor Rodrigo Portella e com o figurinista Bruno Perlatto no premiado espetáculo “Tom na Fazenda”. Para Rodrigo Portella, a música tem um papel diferente nessa montagem.

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“Geralmente a trilha pontua um espetáculo em determinados momentos. Em ‘Adeus, Ternura’, é ao contrário. A música permeia toda a peça e o que grifa são os momentos de silêncio”, adianta Rodrigo Portella. “O espetáculo se passa nos dias de hoje, mas os personagens pararam em algum lugar no tempo. O universo do brega permeia e traz esse anacronismo presente na trilha de Marcello H, no cenário de Elsa Romero e no figurino de Bruno Perlatto”, conclui.

Com direção de Rodrigo Portella e dramaturgia de Rafael Souza-Ribeiro, o espetáculo “Adeus, Ternura”, do premiado grupo Bando de Palhaços, estreia em 13 de outubro no Teatro de Arena do SESC Copacabana para contar uma fábula que se passa na última noite de um bar que será fechado. O grupo se inspirou no gênero musical que ficou conhecido como brega nos anos 1970 e 1980, nas músicas de bar e no ambiente da boemia para contar, com humor, uma história que fala de solidão, paixão, amizade e resistência. Em cena, Ana Carolina SauwenCamila NharyFilipe CodeçoMatheus Lima e Pablo Aguilar vivem personagens que exalam uma humanidade tão peculiar, típica dos que habitam bares, botecos e biroscas de bairro.

Bando de Palhaços

Fundado em 2010 e com sede no Rio de Janeiro, o grupo Bando de Palhaços é reconhecido por sua atuação e pesquisa continuada, unindo comicidade, teatro e música. Além da criação de espetáculos, é um dos principais grupos a realizar um trabalho de formação na linguagem da palhaçaria no Rio de Janeiro.

Tem atualmente em seu repertório os espetáculos JOGO! (Prêmios CBTIJ e Zilka Sallaberry); RIO DO SAMBA AO FUNK (Prêmio APCA para o diretor Fernando Escrich); e NA BORDA DO MUNDO (Indicado ao prêmio APTR).

Saiba mais aqui!

FICHA TÉCNICA

Direção e iluminação: Rodrigo Portella

Dramaturgia: Rafael Souza-Ribeiro

Direção musical: Marcello H

Assistência de direção: Florencia Santángelo

Elenco: Bando de Palhaços (Ana Carolina Sauwen, Camila Nhary, Filipe Codeço, Matheus Lima e Pablo Aguilar)

Figurinos: Bruno Perlatto

Cenário: Elsa Romero

Visagismo: Mona Magalhães

Programação visual: Bruno Dante

Assessoria de imprensa: Catharina Rocha

Direção de Produção: Pagu Produções Culturais

Serviço:

“ADEUS, TERNURA”

Temporada: de 13 de outubro a 6 de novembro de 2022, às 20h

Ingressos: R$ 7,50 (associado do Sesc), R$ 15 (meia) e R$ 30 (inteira)

Horário de funcionamento da bilheteria: de terça a sexta, das 9h às 20h. Sábados, domingos e das 13h às 20h.

Classificação indicativa: 16 anos.

Duração: 90 min.

Lotação: 242 lugares

Gênero: Comédia

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