Como Lygia Fagundes Telles denunciou as torturas da ditadura em “As Meninas”?

A autora Lygia Fagundes Telles, uma das maiores autoras brasileiras de todos os tempos, que nos deixou aos 98 anos de idade fez uma importante denúncia da ditadura militar no livro “As Meninas”, publicado pela primeira vez em 1973 em meio a censura. Segundo relatos, inclusive lembrado pelo nosso seguidor Marcelo Nepomuceno, em publicação em nosso Facebook, o livro tinha que passar pelos censores e ela encontrou um meio para “burlar”.

Por sugestão do marido, ela colocou a sequência no fim do livro. Reza lenda que os censores, que não eram nenhum primor de inteligência, acharam o livro “tão chato” que sequer chegaram na sequência, e ela foi publicada.

Veja também: As 20 melhores frases de Lygia Fagundes Telles

Confira o trecho aqui:

Primeiro me perguntaram se eu pertencia a algum grupo político. Neguei. Enrolaram então alguns fios em redor dos meus dedos, iniciando-se a tortura elétrica: deram-me choques inicialmente fracos que foram se tornando cada vez mais fortes. Depois, obrigaram-me a tirar a roupa, fiquei nu e desprotegido. Primeiro me bateram com as mãos e em seguida com cassetetes, principalmente nas mãos. Molharam-me todo, para que os choques elétricos tivessem mais efeito. Pensei que fosse então morrer. Mas resistia e resisti também às surras que me abriram um talho fundo em meu cotovelo. Na ferida o sargento Simões e o cabo Passos enfiaram um fio. Obrigaram-me então a aplicar os choques em mim mesmo e em meus amigos. Para que eu não gritasse enfiaram um sapato dentro da minha boca. Outras vezes, panos fétidos.

Veja também: As 6 melhores frases de A Estrutura da Bolha de Sabão, de Lygia Fagundes Telles

Gostou de conhecer a história da Lygia Fagundes Telles enfrentando a censura?

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