Uma excelente notícia para os amantes da literatura brasileira. Um novo livro registra alguns textos inéditos do clássico “Quarto de Despejo” da escritora Carolina de Jesus. Segundo matéria da Folha de São Paulo, a proposta do livro é do historiador José Carlos Sebe Bom Meihy. O pesquisador oferece uma seleção diferente da de Audálio Dantas, o jornalista que foi o primeiro a publicar as obras da autora.
O livro sai agora numa edição da Editora Ática, que detém os direitos ao material até 2026. Alguns trechos publicados em “Páginas Despejadas”, o nome da obra, são totalmente inéditos. Carolina escreveu mais de 50 mil linhas de diários e a edição tradicional aproveitou cerca de 8.800.
Ainda segundo a Folha, os períodos registrados nesta edição são os anos de 1955. Primeiramente, Carolina começou a escrever diários motivada pelo aniversário de sua filha. Em seguida, registrou também os diários de 1960, com anotações feitas depois que “Quarto de Despejo”. Mas os fragmentos são anteriores ao livro seguinte da autora, “Casa de Alvenaria”.
“Analisar essas tensões e disputas entre o que ela escreveu e o que Audálio editou é um dos meus objetivos. Ambos os projetos são válidos e esclarecedores. O dele era de um jornalista que publicava para quem consumia livros, com comprometimento com o público e zelo por Carolina”, disse o historiador
Veja também: O Diário de Bitita: a vida de Carolina de Jesus antes de seu “Quarto de despejo”
Mais sobre o livro Páginas Despejadas
O novo livro com textos inéditos de Carolina de Jesus é o primeiro volume da trilogia O Quarto de despejo revisitado. A obra traz inéditos do Quarto de despejo de 15 a 28 de julho de 1955. Além disso, traz também textos de 18 de maio a 29 de junho de 1960. Ele intercala tais textos com os escritos da edição original, do jornalista Audálio Dantas, mas também com comentários do historiador José Carlos Sebe Bom Meihy.
No material de divulgação da imprensa, a editora Ática traz a análise de Marisa Lajolo. Confira:
“E em seus comentários, o leitor deste século XXI vai encontrar os impasses de um Brasil do começo da segunda metade do século passado, o que talvez ajude a entender o nosso hoje. No mesmo compasso, nesta versão ampliada, manifestam-se de forma mais evidente os percursos da protagonista em seus esforços para viver uma vida mais digna em companhia de seus filhos.” – Marisa Lajolo
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