Uma notícia de um imbróglio que parece estar ainda longe do fim. Segundo a filha do jornalista Audálio Dantas, conhecido por ter sido o primeiro jornalista a ter dado o pontapé inicial ao reconhecimento do trabalho de Carolina de Jesus, novas discussões têm inviabilizado novas negociações sobre a obra da autora.
Juliana Dantas contou que “dificilmente” os cadernos inéditos de Carolina Maria de Jesus integrem futuras edições dos diários reunidos em “Casa de alvenaria”. Tom Farias, que foi o biógrafo de Carolina, relatou em matéria do Globo, a existência de três cadernos redigidos pela escritora entre 1960 e 1961 que fazem parte do acervo do jornalista Audálio Dantas (1929-2018), responsável pela descoberta da autora de “Quarto de despejo”.
O conteúdo dos três não foram incluídos nos dois volumes de “Casa de alvenaria” publicados recentemente pela Companhia das Letras, com diários escritos entre agosto de 1960 e dezembro de 1963. Em entrevista, a jornalista Juliana Dantas, filha de Audálio, afirmou que a representação negativa de seu pai no livro inviabiliza qualquer colaboração com a editora.
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Uma das reclamações de Dantas, fica pelo “tom irônico e desrespeitoso” do prefácio, escrito e assinado por Vera Eunice de Jesus, filha da escritora, e Conceição Evaristo. No texto, ela diz que Carolina queria se dedicar a outros gêneros literários, mas continuou escrevendo diários por “um gesto de comando do jornalista Audálio Dantas”.
— É injusto com alguém que dedicou a carreira à defesa dos direitos humanos. Alguém que, claro, pode errar e com certeza errou em algum momento, mas a ele não foi dado o benefício da dúvida. Os documentos que temos teriam solucionado várias dúvidas — diz ela. — Audálio Dantas não é o antônimo de Carolina Maria de Jesus. E Carolina não precisa de antagonistas para ser protagonista. Sua história e sua obra já a fazem grande e inteira. Assim como a história e a obra de Audálio.
Vera Eunice de Jesus disse , ainda na entrevista do Globo, que não entende “por que pessoas querem ter obras de Carolina na gaveta”.
—Tem muita coisa que Carolina escreveu que estava com Audálio e eu nunca consegui ver. Tenho lutado para que as pessoas se conscientizem e devolvam o que era de Carolina. Tudo o que é de Carolina Maria de Jesus não é meu. É do mundo — afirma.
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