Feras de Lugar Nenhum conta a história do menino Agu, uma criança que tem sua aldeia invadida por uma milícia, após a destituição do governo e acaba se juntando a essa milícia pra tentar sobreviver. Afastada da família, a milícia acolhe o menino e faz dele um braço seu. Agu é espancado por um outro menino de sua idade, espécie de espelho dessa violência, e passa a ter de conviver com os maiores horrores da guerra. Veja a resenha completa aqui!
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Meu pai me mandou correr, digo ao Comandante. Corre para longe para bem longe, assim o inimigo não pega você. Então em escondi no mato e corri de um lado para outro sem saber o que estava acontecendo.
Não pense, diz o tenente. Dei acontecer. No momento em que a gente pára pra pensar, a cabeça da gente fica que nem a parte de dentro de uma fruta podre.
Não quero matar ninguém hoje. Não quero matar ninguém nunca.
Está vendo esse homem, diz o Comandante, olha pra ele. Ele não é nem mesmo um homem.
Não sou um menino mau. Não sou um menino mau. Sou um soldado que mata não é mau.
“Até que a guerra chegou e não tinha mais escola porque não tinha mais governo”
sei agora que ser soldado é ser fraco e não forte, é não ter comida e não poder comer o que a gente quer, é também ter que fazer coisas que a gente não quer e não poder fazer as coisas que a gente quer como eles fazem nos filmes.
Tudo que a gente sabe é que antes da guerra a gene era criança e a agora a gente não é mais.
Nós vamos sempre lutar na guerra, mas as vezes é bom pensar que a gente tem futuro
Se fosse uma árvore, gostaria de ser uma iroko porque é uma árvore alta e forte e nada incomoda ela, mas acho que sou mais como a árvore escrava porque nunca posso fazer o que quero
vamos para onde vamos e chegaremos quando chegarmos
Chamamos ele de Griot, poeta, porque está sempre contando uma história enquanto dorme.
É muito estranho esses homens ficarem olhando o país todo no mapa como se fosse um pedaço de carne que pode ser cortado com uma faca.
Tudo parece estar se mexendo tão rápido, que vou estar velho antes da guerra acabar.
Meu pensamento é que nem a estrada, vai indo e vindo, até que me leva pra bem longe deste lugar.
Minha cabeça começa a girar pra esse lado e aquele lado porque sinto como se estivesse dentro do mundo e estou vendo como devem ser as coisas pelo lado de dentro ao invés do lado de fora.
As balas comem tudo, folhas, árvores, chão, pessoas – comem tudo – fazendo as pessoas sangrarem por todos os lados e o sangue toma conta do mato.
As coisas feitas de vidro são belas e bonitas, mas parecem mortas mesmo tendo vida. Tudo aqui parece morto mesmo estando vivo.
A gente está sempre se mexendo porque é isso que estamos fazendo, vendo todas as coisas que passam por nós. Casas, árvores, escolas, carros.