Na correria vertiginosa das nossas vidas, os detalhes do cotidiano costumam passar batidos. A embalagem de bolacha, os botecos pés-sujos, a Turma da Mônica pintada nos muros das escolas – essas são algumas das imagens que compõem um cotidiano quase típico daquilo que entendemos por “Brasil”. O artista Rodrigo Yudi Honda é um pintor brasileiro natural da cidade de São Bernardo do Campo, no ABC paulista, que se notabiliza pela composição com essas imagens.
O artista paulista é formado em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de São Paulo, mas hoje segue um caminho profissional inteiramente dedicado à pintura e ao desenho. Seu trabalho ganhou admiradores nas redes sociais, que foram umas das responsáveis por impulsioná-lo. Em 2018, sua obra “Feriado Nacional” repercutiu no Reddit e, desde então, seu trabalho vem sendo compartilhado por milhares de pessoas em várias redes diferentes.
Em conversa com o NotaTerapia, Honda comenta sobre sua escolha em retratar as cenas do cotidiano:
De vez em quando, as pessoas me perguntam por que eu retrato essas coisas corriqueiras. E minha resposta é: “E por que eu não as retrataria?” Parece que a arte contemporânea se afastou tanto dos referenciais das pessoas comuns que o simples fato de você retratar um pacote de bolachas já causa um estranhamento, a ponto de eu ter que justificar algo tão normal. Acho isso muito irônico, pois as pessoas veem no meu trabalho um diferencial justamente por retratar coisas comuns.
Rodrigo Yudi Honda
Mas, como o artista bem coloca, não se trata somente daquilo que você pretende representar, mas também da sua forma, o seu gesto diferencial no manejo dessas imagens:
Mas é importante deixar claro que o que importa não é exatamente o que você pinta, e sim como você pinta. Eu posso achar um quadro que retrata um cacho de bananas sensacional, mesmo se eu não gostar de bananas. E eu posso achar aquela famosa pintura restaurada do Ecce Homo de Borja ridícula, mesmo sendo um retrato de Jesus, que é a Virtude encarnada. Essa é uma confusão muito comum: as pessoas confundem o seu sentimento sobre o que está sendo retratado com a sua percepção do quadro em si. Daí elas ficam te perguntando: “Por que você escolheu pintar isso?” “Como você escolheu esse tema?” Como se isso fosse o cerne da coisa… É óbvio que o tema escolhido influencia nossa percepção da imagem, mas isso acontece num nível simbólico e secundário. O primordial numa pintura é aquilo que percebemos sem esses filtros racionais, é aquilo que é captado diretamente por nossa intuição
Rodrigo Yudi Honda
Mesmo que a linguagem não dê conta de descrever a maneira como essas pinturas ressoam com os seus admiradores, é certo que a sua popularidade indica que a arte nessa materialidade está viva, e não compete espaço com a fotografia. São imagens que nos acompanham, corpos (humanos ou não) que coabitam o nosso espaço e que geram significados.
Apesar disso, Honda diz não gostar especialmente de nenhum dos seus trabalhos: “Alguns trabalhos eu gosto mais e outros menos, mas, pra falar a verdade, eu não gosto muito de nenhum. Eu tenho muita dificuldade para lidar com as cores e conferir atmosfera, além de pecar muito nas composições… Mas eu venho me dedicando para superar essas dificuldades…”.
Confira aqui alguns dos trabalhos de Rodrigo Yudi Honda:
Acompanhe o trabalho de Rodrigo Yudi Honda nas redes:
Imagens: Reprodução