As 18 melhores epígrafes de Sombras da Água – As Areias do Imperador II, de Mia Couto

Não direi
que o silêncio me sufoca e amordaça.
Calado estou, calado ficarei
pois que língua que falo é de outra raça.
José Saramago, Poema de Boca Fechada

Sombras  da Água – As Areias do Imperador 2 – é o segundo livro da trilogia lançada por Mia Couto em que o autor moçambicano faz um relato histórico da época em que seu país era governado por Ngungunyane, último dos líderes do Estado de Gaza, segundo maior império do continente comandado por um africano. Retratado no final do século XIX, o livro é narrado por Imani, uma menina local criada pela cultura da colônia portuguesa e pelo sargento Germano, degredado de seu país para o local. Uma história de deuses, lendas, guerras e armas. Uma história de um país dividido com pessoas tentando encantar o mundo ou, pelo menos, sobreviver.

Ao início de cada capítulo narrado por Imani há um a pequena epígrafe, de Mia Couto ou de outro autor, que serve de base ou inspiração para entendermos a obra de maneira mais ampla.  O NotaTerapia separou as melhores epígrafes da obra:

Não viajes: porque nunca voltarás. Regressam apenas os que já foram felizes.

Ninguém é uma pessoa se não for toda a humanidade.

(…) sendo grandes conquistadores de terras, os portugueses não se aproveitam delas, mas contentam-se de as andar arranhando ao longo do mar como fazem os caranguejos.

Eis o que nos dizem antes mesmo de nascermos: que a grande virtude da mulher é estar sempre presente sem nunca chegar a existir.

O pior sofrimento não é ser derrotado. É não poder lutar.

O rio é uma lágrima regressando aos olhos de Deus.

Eu tive um sonho.
Mas era um sonho cego.
Eu vi um caminho.
Mas era um caminho coxo.
Eu vivi até ser velho.
Mas morri antes de começar a viver.

Eis a pobreza do nosso destino: acabamos por ter saudade do tirano anterior.

Viverás para sempre com essas espessas cicatrizes. Mas a verdade é esta: as cicatrizes protegem muito mais do que a pele. Eu, se pudesse renascer, pedia para vir coberto de cicatrizes dos pés à cabeça.

Tem cuidado com os que protegem o castelo da chegada dos bárbaros. Sem o saber, eles já se converteram em monstros.

Esse é o serviço do ódio: não nos reconhecemos a nós mesmo naqueles que desprezamos.

O mundo é um rio. Nasce e morre todo o tempo.

Tudo o que de grave tiveres que dizer a um inimigo deves dizê-lo na língua dele. Nenhum juiz pronuncia a sentença num idioma que o réu não possa entender. Ninguém morre a não ser na sua própria língua.

Não basta que andemos descalças. É preciso que os nossos pés pisem o chão até perderem a pele. Até que o sangue da terra circule nas nossas veias.

Ter inimigo é ficar escravo deles. A paz não nasce por se vender um adversário. A verdadeira paz consiste em nunca chegar a ter inimigos.

Tem medo dos que sempre tiveram medo. Acautela-te com os que se acham pequenos. Quando esses estiverem no poder, castigar-nos-ão com o mesmo medo que já sentiram e vingar-se-ão com a sua falsa grandeza.

As casadas inventam histórias; as virgens escondem segredos; as viúvas fingem que  não se lembram.

A memória longínqua de uma pátria
Eterna mas perdida e não sabemos
se é passado ou futuro onde a perdemos

Leia também:

As 14 melhores epígrafes de Mulheres de Cinzas – As Areias do Imperador I, de Mia Couto:
https://jornalnota.com.br/2015/12/24/as-14-melhores-epigrafes-de-mulheres-de-cinzas-as-areias-do-imperador-i-de-mia-couto/

 

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