As 10 melhores citações de Nos Cumes do Desespero, de Emil Cioran

O filósofo romeno Emil Cioran tinha apenas 22 anos quando, desiludido com os estudos acadêmicos de filosofia, passou a dedicar suas noites de insônia a escrever esta obra, a qual mostra uma visão de mundo cheia de angústia expressa através de uma retórica lírica, estilo este que é explicado durante a própria obra, pois o autor foca em questões como o surgimento do lirismo, a distância do mundo, o suicídio, a agonia, a melancolia, a eternidade e etc.

É clara a influência, tanto no estilo quando nas ideias expressas, de autores como Nietzsche, Shopenhauer e Dostoiévski. A obra é de tal intensidade que o autor diz que se não a tivesse escrito, provavelmente teria posto um fim aos seus dias.

Acompanhe abaixo uma breve lista com algumas das melhores citações deste livro (mas leia o livro completo, se ainda não o tiver lido, pois foi difícil selecionar só dez citações e tenho certeza de que outros leitores dirão que muitas passagens importantes não foram aqui mencionadas).

1 – “Ser cheio de si, não no sentido de orgulho, mas de riqueza, ser atormentado por uma infinidade interna e por uma tensão extrema significa viver com tanta intensidade que acabamos sentindo que morremos por causa da vida. É tão raro e estranho esse sentimento, que deveríamos vivenciá-lo aos berros.” – p. 16

2 – “O lirismo representa uma força de dispersão da subjetividade por indicar, no indivíduo, uma efervescência incoercível da vida, que sem cessar exige expressão.” – p. 17

3 – “Tornamo-nos líricos quando a vida dentro de nós palpita num ritmo essencial, quando a vivência é tão forte que nela sintetiza todo o sentido de nossa personalidade.” – p.17

4 – “O lirismo do sofrimento é uma canção do sangue, da carne e dos nervos. O verdadeiro sofrimento brota da doença. Por isso, quase todas as doenças têm virtudes líricas.” p.19

5 – “Tornamo-nos líricos apenas em razão de uma lesão orgânica e total. A fonte do lirismo acidental está nas causas externas; uma vez desaparecidas, desaparece também, implicitamente, seu correspondente interior. Não há lirismo autêntico sem um grão de loucura interior. […] A loucura poderia constituir um paroxismo do lírico. Por isso nos contentamos em escrever o elogio do lirismo para não escrever um elogio da loucura. O estado lírico é um estado que transcende formas e sistemas […] Diante do refinamento de uma cultura aprisionada em formas e limites que mascaram tudo, o lirismo é uma expressão bárbara. Eis de fato o seu valor, o de ser bárbaro, ou seja, de ser só sangue, sinceridade e chamas.” – p.19

6 – “Após termos alcançado os limites da vida, após termos vivido com exaspero todo o potencial desses perigosos confins, as ações e os gestos cotidianos perdem toda a graça e sedução. Se continuamos vivos, é graças à escrita, que, por meio da objetivação, ameniza essa tensão infinita. Criar significa salvar-se provisoriamente das garras da morte.” p.21

7 – “Nos limites da vida, o que não é ocasião para a morte? Morremos por tudo o que existe e por tudo o que não existe. Cada vivência é, nesse caso, um salto no Nada.” – p.21

8 – “As verdadeiras confissões só podem ser escritas com lágrimas. Mas as minhas lágrimas inundariam este mundo, assim como o meu fogo interior o incendiaria.” – p.64

9 – “Em mim todas as cintilações se apagam para renascerem em raio e relâmpago. Não estaria a própria escuridão pegando fogo dentro de mim?” p.70

10 – “Trata-se de um drama especificamente moderno o de não poder renunciar a não ser pelo suicídio. Mas, se o nosso deserto interior pudesse se materializar, sua imensidão não acabaria por nos esmagar?” – p.98

 
Publicado originalmente em Literatortura.

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