As 22 melhores epígrafes de O Último Voo do Flamingo, de Mia Couto

Os amados fazem-se lembrar pela lágrima.
Os esquecidos fazem-se lembrar pelo sangue.
Dito de Tizangara

O livro conta a história de um italiano chamado Massimo Risi que chega na vila de Tizangara para investigar misteriosas explosões de soldados da ONU em operações de paz e, por não dominar a língua, acaba recebendo como companhia o Tradutor de Tinzangara, o narrador da história. Na vila, tanto o narrador quando Risi, ao investigar o caso, entram em contato com histórias de todos os moradores daquele local: a estranha e bela Temporina, com cara de menina e corpo de velha, a prostituta Ana Deusqueira, o vidente Zeca Andorinho, e o pai do narrador, o senhor Sulplício. Ah, e claro, há também o governador local, Estevão Jonas, um corrupto enriquecido que manda e desmanda em todos, sendo quase que um opressor entre os oprimidos, uma vez que segue ordens de seus superiores no exterior. Leia a resenha completa no Indique um Livro aqui!

O NotaTerapia separou as melhores epígrafes da obra. Confira:

O mundo não é o que existe, mas o que acontece.

O que não pode florir no momento certo acaba explodindo depois.

Saudade de um tempo? Tenho saudade é de não haver tempo.

Deus me deu tarefa de morrer.
Nunca cumpri.
Agora, porém, já aprendi a obediência.

Uns sabem e não acreditam.
Esses não chegam nunca a ver.
Outros não sabem e acreditam.
Esses não vêem mais que um cego.

Veja também:
Os 7 vídeos essenciais para conhecer Mia Couto:
https://jornalnota.com.br/2015/12/06/7-videos-essenciais-para-conhecer-mia-couto/

Nunca sou mau lembrador.
Minha única dificuldade é ter que escrever por escrito.

-Tenho saudades de minha casa, lá na Itália.
– Também eu gostava de ter um lugarzinho meu, onde pudesse chegar e me aconchegar.
– Não tem, Ana?
– Não tenho? Não temos, todas nós, as mulheres.
– Como não?
– Vocês, homens, vêm para casa. Nós somos a casa.

O macaco ficou maluco de espreitar por trás do espelho.

O cão lambe as feridas?
Ou é já a morte, por via da chaga,
que beija o cachorro na boca?

Os factos só são verdadeiros depois de serem inventados.

As ruínas de uma nação começam no lar do pequeno cidadão.

Queres saber onde está o a to?
Pois procura no canto mais quente.

Se queres ver de noite passa pelos olhos a água onde o gato lavou os olhos.

A vida é um beijo doce em boca amarga.

É o cão vadio que encontra o velho osso.

Leia também:
As 14 melhores epígrafes de Mulheres de Cinzas – As Areias do Imperador I:
https://jornalnota.com.br/2015/12/24/as-14-melhores-epigrafes-de-mulheres-de-cinzas-as-areias-do-imperador-i-de-mia-couto/

Quem voa depois da morte?
É a folha da árvore.

A urina de um homem sempre cai perto dele.

Não me basta ter um sonho.
Eu quero ser um sonho.

Quem eu queria era falecer vítima da melhor receita da vida: – bebida certa e mulheres erradas.

Quem veste o hipopótamo é a escuridão.

A cinza voa, mas o fogo é que tem asa.

Do que me lembro jamais eu falo.
Só me dá saudade o que nunca recordo.
Do que vale ter memória.
se o que mais vivi
é o que nunca se passou?

Edição: Companhia das Letras, 2005

 

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