Conheça Ramin Karimloo, o iraniano que se tornou um dos maiores nomes do teatro musical do mundo

Poucos artistas têm a habilidade de cativar plateias de maneira tão visceral quanto Ramin Karimloo. Um dos mais icônicos atores da história do célebre musical O Fantasma da Ópera e também elogiadíssimo por sua performance como Jean Valjean em Os Miseráveis, Karimloo é, hoje, um dos maiores nomes do teatro musical mundial. Com uma voz poderosa e emotiva, alcance vocal impressionante, atuações cheias de detalhes e uma entrega emocional rara, o ator transcende o papel de intérprete para se tornar o próprio coração das histórias que conta. Não à toa, ele possui uma base de fãs devotada ao redor do mundo, que o acompanha tanto nos palcos quanto em suas incursões como cantor e compositor, e é capaz de lotar teatros no West End, na Broadway e nos vários países em que já se apresentou.

A trajetória de Karimloo é tão marcante quanto as histórias que ele encena. Nascido no Irã em um momento de grande instabilidade política, ele se tornou um exemplo de resiliência e talento ao transformar uma infância vivida no Canadá em uma carreira brilhante nos palcos mais prestigiados do mundo. O ator não apenas deu vida a alguns dos papéis mais icônicos do teatro musical, mas também redefiniu como esses personagens podem ser interpretados, trazendo a eles uma autenticidade que poucos conseguem alcançar e atingindo um status lendário nos dois mais longevos musicais da história. Seu sucesso, no entanto, não se restringe aos palcos: como músico, ele explora diferentes estilos, mostrando uma versatilidade artística que reflete sua paixão pela arte em todas as formas.

Para quem ainda não conhece Ramin Karimloo, este é o momento ideal para descobrir por que ele é considerado uma das maiores vozes do teatro musical contemporâneo. E para quem já é fã, revisitar sua trajetória e suas conquistas é um lembrete do impacto duradouro de sua arte.

Vida e início da carreira:

Ramin Karimloo é um ator e cantor iraniano – agora também cidadão do Canadá e da Inglaterra -, reconhecido por suas atuações marcantes nos palcos do West End londrino e da Broadway. Nascido em 19 de setembro de 1978, em Teerã, Irã, sua trajetória de vida é tão dramática quanto os personagens que interpreta. Com apenas dois meses de idade, sua família – seu pai, sua mãe, seus três irmãos e ele – precisou fugir do Irã durante a Revolução Islâmica – particularmente perigosa para eles, pois o pai de Ramin, Kami Karimloo, era membro da guarda pessoal do Xá Reza Palahvi. Os Karimloo entraram na Itália como refugiados, e eventualmente se estabeleceram em Peterborough, Canadá, onde Ramin cresceu.

Foi no Canadá que Karimloo descobriu sua paixão pelo teatro musical. Aos 12 anos, ao assistir a uma produção tour de “O Fantasma da Ópera” com sua turma de escola, ficou profundamente impressionado com a performance do famoso tenor australiano – e ator de teatro icônico, tendo sido um dos primeiros Fantasmas da Ópera da história do show, e tendo originado também o papel de Jean Valjean, protagonista de Os Miseráveis, no West End, apenas dois dos maiores marcos de sua extensa e célebre carreira – Colm Wilkinson no papel-título, decidindo ali que seguiria a carreira de ator.

Colm Wilkinson como O Fantasma da Ópera

Sua carreira profissional teve início no Reino Unido, onde participou de uma pantomima de “Aladdin” em Chatham, interpretando o papel principal. Em 2001, integrou a turnê britânica de “The Pirates of Penzance” como policial e substituto do Rei dos Piratas, assumindo o papel principal em Bath no ano seguinte. Ainda em 2002, juntou-se à turnê nacional de “Sunset Boulevard”, interpretando Artie Green e sendo cover de Joe Gillis.

A estreia de Karimloo no West End ocorreu com “Les Misérables”, onde desempenhou Feuilly e foi substituto para os papéis de Marius Pontmercy e Enjolras. No ano seguinte, passou a integrar o elenco de O Fantasma da Ópera como Raoul de Chagny, um dos três protagonistas do musical, e atuando também como substituto de Fantasma.  Em 2004, retornou a “Les Misérables” como Enjolras, um dos principais papeis da produção, e, em dezembro do mesmo ano, participou de um concerto da produção no Castelo de Windsor em homenagem ao presidente francês Jacques Chirac. No ano seguinte, integrou a turnê britânica de “Miss Saigon” no papel de Christopher Scott, protagonista masculino do célebre musical, releitura da ópera Madame Butterfly. Ele também apareceu num concerto de “Jesus Christ Superstar”, interpretando Simão, O Zelota.

Ouça Ramin cantando Empty Chairs At Empty Tables, principal música de Marius Pontmercy em Os Miseráveis:

Ramin Karimloo e “O Fantasma da Ópera”:

Em 2003, Ramin assumiu o papel de Raoul, Visconde de Chagny, em “O Fantasma da Ópera” no West End, e três anos depois tornou-se substituto do Fantasma. Sua última apresentação como Raoul foi filmada para os extras do DVD da adaptação cinematográfica de 2004, na qual fez uma participação especial como Gustave Daaé, pai de Christine. Ele se tornaria o único ator da história a interpretar todos os homens da vida de Christine Daaé – O Fantasma, Raoul e Gustave.

Ramin como Raoul de Chagny

Em 2007, Ramin retornou ao show, dessa vez como o protagonista. Sua interpretação do Fantasma então lhe rendeu uma nomeação Theatregoers Choice Award como “Melhor Ator a entrar em um papel” (isto é, melhor ator em um papel que ele não originou). Ele permaneceu no show até o final de 2009, e se tornou um dos mais conhecidos e elogiados Fantasmas da história do show.

Ramin Karimloo como o Fantasma em O Fantasma da Ópera

Em 2011, Ramin reprisou o papel do Fantasma da Ópera no concerto de 25 anos de “O Fantasma da Ópera” no Royal Albert Hall, principal salão de concertos de Londres, ao lado de Sierra Boggess como Christine Daaé e Hadley Fraser como Raoul de Chagny. Ramin é amigo inseparável de ambos os colegas de elenco, com quem já contracenou inúmeras vezes em outras ocasiões (com Sierra em Love Never Dies e O Jardim Secreto, e com Hadley em Os Miseráveis em mais de uma ocasião, e recentemente em Dirty Rotten Scoundrels, curiosamente também atuando como duas partes de um triângulo amoroso ao redor de uma mulher chamada Christine, exatamente como seus personagens em O Fantasma da Ópera). A apresentação, uma das pioneiras dos pro-shots teatrais que estão cada dia mais em voga, foi gravada, e é a única versão filmada do show, amplamente divulgada primeiro no cinema e até hoje em streamings, DVDs e também várias vezes no YouTube.

Assista Ramin Karimloo cantando “The Music of the Night”:

A produção, grandiosa, incluiu um elenco composto quase que exclusivamente de atores que já tinham estado no show em algum momento, incluindo diversos ex-Fantasmas e Christines, mesmo nos papéis mais secundários. Além disso, reuniu diversos nomes famosos da história do musical para uma participação especial após o fim do espetáculo, incluindo todas as pessoas ainda vivas do elenco original – famosamente, Sarah Brightman e Michael Crawford – e ex-fantasmas célebres, como Anthony Warlow, Peter Joback, John Owen Jones e o ídolo e primeiro Fantasma de Ramin, Colm Wilkinson. Os quatro, com Ramin, cantaram juntos as icônicas “The Music of the Night” e “The Phantom of The Opera”, acompanhados por Brightman nessa última.

Assista Ramin Karimloo cantando “The Phantom of the Opera” com Sierra Boggess

O aniversário de 25 anos consolidou Ramin como um dos Fantasmas da Ópera mais famosos e icônicos da história do show, comparável em fama e relevância apenas, talvez, a Michael Crawford, que originou o papel na década de 80. Ele se tornou referência para o papel, com Andrew Lloyd Webber, o compositor do musical, declarando-o “O Fantasma do século XXI”. A gravação do elenco do aniversário é uma das mais ouvidas da história do show, atrás apenas da original com Crawford e Brightman.

Assista a apresentação dos Fantasmas com Sarah Brightman:

Ramin apareceu no evento de aniversário de 25 anos do show na Broadway, também como parte de um quarteto de fantasmas célebres que fez uma participação especial após o fim do show, emulando a celebração londrina ocorrida poucos anos antes. Nessa ocasião, a Christine era novamente Sierra Boggess, que cantou com eles “The Phantom of the Opera”. Ramin foi o ator mais esperado e celebrado do quarteto, tanto por seu status icônico na mitologia do show como por conta de sua química lendária com Sierra Boggess.

Assista Ramin como parte do quinteto do aniversário de 25 anos do show na Broadway:

Em 2018, Ramin retomou o papel de Fantasma na Coreia, com Anna O’Byrnes, famosa por ter sido a Christine da gravação profissional de Love Never Dies Austrália, como Christine Daaé. Na mesma época, ele e Anna fizeram uma série de shows na Austrália.

Durante a pandemia, o aniversário de 25 anos de O Fantasma da Ópera foi exibido de graça no canal do YouTube “The Show Must Go On”, criado por Andrew Lloyd Webber para dar acesso a produções de teatro sem custo e sem sair de casa a audiências no mundo todo. Na ocasião, Ramin organizou um evento intitulado “What a Masquerade”, em que assistiu ao show ao vivo com os fãs e depois passou algumas horas falando com vários que tinham se inscrito previamente.

Recentemente, Ramin voltou a interpretar o Fantasma, dessa vez na primeira produção italiana da história, uma não-réplica. A produção abriu em Trieste, casa do teatro musical na Itália, e depois passou por Milão e Monte Carlo, com Karimloo atuando em todas as noites. Foi a primeira vez que voltou à Itália desde a infância, quando sua família tinha sido refugiada lá, e ele disse ter sido esse um dos principais motivos pelos quais resolveu participar da produção. Os shows esgotaram meses antes das datas.

Trailer da produção italiana do show:

O Fantasma de Ramin tem muitas características muito particulares que inspiraram outros atores depois dele, incluindo seus trejeitos com as mãos e algumas escolhas muito particulares de notas que se tornaram icônicas a ele. Uma de suas decisões artísticas mais famosas, porém, foi a de interpretar o personagem como autista – algo para o qual se preparou muito, de acordo com ele, entrando em contato com muitas pessoas no espectro. Muitos dos trejeitos que colocou no personagem têm relação direta com essa decisão, e sua interpretação neuro divergente de Erik é perceptível.

Love Never Dies: originando o Fantasma.

Um marco significativo na carreira de Ramin foi originar o papel do Fantasma da Ópera na sequência do icônico musical, intitulada “Love Never Dies”, de Andrew Lloyd Webber, que estreou em Londres em março de 2010. Originar um papel sempre é uma honra, e a escolha dele para o papel ajudou a consolidá-lo como o Fantasma da Ópera do século XXI – e um dos mais icônicos a interpretar o papel. Sua interpretação recebeu muitos elogios, consolidando-o como um dos principais talentos do teatro musical contemporâneo – e foi, além disso, uma das poucas coisas realmente criticamente aclamadas do show. Ele contracenou com Sierra Boggess, que originou a Christine de Love Never Dies. Foi a primeira vez que atuaram juntos.

Ouça Ramin Karimloo cantando “Till I Hear You Sing”, de Love Never Dies:

Na voz dele foram gravadas pela primeira vez as músicas do show, incluindo “Beneath a Moonless Sky”, “Till I Hear You Sing”, “The Beauty Underneath” e “Devil Take The Hindmost”. Por sua performance, venceu os prêmios Broadway World Award e WhatsOnstageAward de Melhor Ator, e foi indicado ao prêmio Laurence Olivier Award de Melhor Ator

Ouça Ramin e Sierra cantando Beneath a Moonless Sky:

Os Miseráveis e a nomeação ao Tony:

A carreira de Karimloo está invariavelmente ligada a Os Miseráveis. Não apenas foi o musical em que fez sua estreia no West End, como nele interpretou quase todos os papéis masculinos principais, incluindo Marius Pontmercy (como substituto), Enjolras (como titular) e Jean Valjean (como titular), o protagonista.

Karimloo interpretando Enjolras

Em 2011, Karimloo participou do concerto de 25 anos de “Les Misérables” no O2 Arena, interpretando Enjolras. O musical foi gravado, exibido na TV e transformado em DVD – hoje disponível em streamings ao redor do mundo – e consolidou Ramin como um dos Enjolras mais famosos da história do musical – o mais longevo do mundo. O elenco incluía outros grandes nomes do teatro britânico, como Alfie Boe, Norm Lewis, Lea Salonga, Samantha Barks (que interpretaria Eponine no filme vencedor de óscares no ano seguinte) e Hadley Fraser (grande amigo de Karimloo), além de ter contado com a participação de Nick Jonas como Marius Pontmercy (uma escolha polêmica até a atualidade). Mais uma vez, nessa ocasião, Ramin dividiu o palco com seu grande ídolo, Colm Wilkinson, que fez uma participação especial no evento.

Veja Ramin Karimloo como Enjolras em Os Miseráveis:

Ramin voltou para o show em 2012, interpretando o protagonista, Jean Valjean. Hadley Fraser interpretou seu arqui-inimigo, Javert. Por Valjean, ele ganhou o Theatregoers Choice Awards de Melhor Ator a Receber Um Papel. Ele interpretou Valjean mais uma vez nos primeiros meses da produção canadense de Os Miseráveis em 2013.

Ramin Karimloo cantando Bring Him Home, principal música de Jean Valjean:

Em 11 de janeiro de 2014, Ramin e Colm se encontraram nos palcos mais uma vez em uma das ocasiões que certamente foram mais marcantes e emocionantes da história da carreira de Karimloo: Ramin interpretou Jean Valjean em uma performance especial de Os Miseráveis em Toronto, num evento de caridade beneficiando cinco organizações no The Princess of Wales Theatre. Nessa ocasião, Wilkinson, o Jean Valjean original, interpretou o Bispo de Digne, mentor de Valjean. A cena da entrega dos castiçais de prata serviu como uma passagem simbólica do papel de um para o outro, impressão essa que se consolidou com uma performance especial, após o fim do show, de Bring Him Home, principal música de Jean Valjean e uma das mais conhecidas do show, cantada nessa ocasião como dueto entre Wilkinson e Karimloo. Logo depois, Wilkinson teceu imensos elogios à Karimloo, declarando que mal podia esperar para vê-lo protagonizando o show em breve.

Durante sua preparação para interpretar Jean Valjean, Ramin leu Os Miseráveis e começou a malhar, já que o personagem é conhecido por sua força física prodigiosa. Isso operou uma verdadeira mudança na vida de Ramin, que até hoje é conhecido por seu cuidado com seu corpo, seguindo rotinas de exercício rígidas e tendo imensa preocupação em manter uma dieta saudável. De acordo com o próprio, seu período se exercitando para interpretar Valjean o fez se apaixonar pelo mundo fitness.

Aqui, Ramin Karimloo e Colm Wilkinson cantando Bring Him Home:

A estreia de Ramin na Broadway ocorreu em 2014, como Jean Valjean, papel principal de “Os Miseráveis” na aclamada revival americana. Essa performance lhe rendeu uma indicação ao Tony Award – o equivalente ao Oscar do teatro – de Melhor Ator em Musical. Ele ficou no show até o final de 2015. Quando saiu, entregou o papel ao grande Alfie Boe.

Ramin Karimloo interpretando o Solilóquio de Jean Valjean:

Um dos figurinos de Ramin como Jean Valjean está hoje exposto no Museu da Broadway em Nova York.

Leia também: Victor Hugo nas Olimpíadas: A Revolta de 1832 ilumina o palco olímpico

Mais teatro:

Além de Fantasma e Os Miseráveis, Ramin teve uma série de papéis célebres.

Em 2015, interpretou Tom Watson em “Parade”, atuando com Jeremy Jordan, Davis Gaines e outros nomes conhecidos do teatro. No mesmo ano, foi anunciado como ator principal do musical Prince of Broadway, uma homenagem ao grande produtor teatral Harold Prince. O show estreou no Japão, onde Ramin tem uma grande base de fãs.

Em 2016, interpretou Archibald Craven, um dos protagonistas do musical O Jardim Secreto, com Sierra Boggess como sua falecida esposa, Lily, Cheyenne Jackson como seu irmão, Neville, e Sydney Lucas como sua sobrinha e protagonista do show, Mary Lennox. Também em 2016, interpretou Che Guevara no musical Evita de Andrew Lloyd Webber, com John Cudia no papel de Juan Perón. Em 2018, retomou o papel de Che em uma turnê especial de Evita no Japão. Além disso, interpretou Tom no musical Murder Ballad.

Ramin Karimloo como Che Guevara em Evita

Ele originou o papel do general Gleb Vaganov, antagonista principal do musical Anastásia, na Broadway em 2017, atuando com Christy Altomare no papel de Anastásia e Derek Klenna como Dmitri. No mesmo ano, interpretou Anatoly no musical Chess, atuando com Karen Olivo, Raul Esparza e Ruthie Ann Milles. Retomou o papel em 2020, atuando com Samantha Barks, na turnê japonesa do musical, e mais uma vez em 2022, em uma performance beneficente com Darren Criss, Lena Hall e Solea Pfeiffer.

Ramin Karimloo canta Still, de Anastásia:

Em 2019, interpretou Yuri Zhivago, papel título do show Dr. Zhivago, em sua abertura no Reino Unido, com Celinde Schoemaker como Lara. Os dois reprisaram seus papéis em concerto em 2023. Também foi Judas Iscariotes em Jesus Christ Superstar em Tóquio, no Japão, e participou do musical The Clockmaker’s Daughter como Abraham.

Em 2021, com Michael K. Lee e Celinde Schoemaker, voltou à Jesus Christ Superstar, interpretando Judas Iscariotes, um dos dois protagonistas do musical, na turnê japonesa. Ainda em 2021, interpretou Joe Gillis em Sunset Boulevard. Mais significativamente ainda, originou o papel de Shams Tabrizi, um dos dois protagonistas do musical Rumi, do qual foi parte integrante da criação. O musical, inteiramente composto, atuado e produzido por artistas do Oriente Médio, conta a história do poeta sufi Rumi e de seu mentor, Shams Tabrizi. Ramin disse ter sido esse um papel importante para ele exatamente por se conectar com sua herança persa.

Ramin Karimloo cantando Say Who Am I, um dos dois solos de seu personagem em Rumi:

Em 2022, interpretou Nick Arnstein, papel imortalizado pelo egípcio Omar Sharif, na revival histórica de Funny Girl, também na Broadway, com Lea Michele no papel de Fanny Brice. Outros membros do elenco incluíram Bennie Feldstein, Jane Lynch e Jared Grimes. No mesmo ano, interpretou o Rei dos Piratas em um concerto de The Pirates of Penzance. Ele deve retornar ao papel em 2025 para a revival do musical na Broadway. Também interpretou o Rei Arthur em Camelot. Por fim, originou o papel de Ben Vengeance em The Last Match: A Pro-Wrestling Musical, musical do qual também foi produtor, e pelo qual venceu o Broadway World New Jersey Awards como Melhor Performance em um Musical.

Ramin Karimloo cantando e dançando Temporary Arrangement, de Funny Girl:

Em 2023, interpretou Gomez Addams num concerto do musical A Família Addams, a estreia do show no Reino Unido.

Em 2024, fez seu début no mundo da ópera com a ópera Songbird, interpretando o papel principal na Washington National Opera. Ainda esse ano, participou do musical Titanic como Frederick Barrett, e foi um dos dois protagonistas do musical Dirty Rotten Scoundrels, com Hadley Fraser, no London Palladium, além de ter sido o protagonista de A Face In The Crowd.

Além disso, em termos de gravações, participou do álbum “Songs from the Musicals of Alexander S. Bermange” com outras 25 estrelas do West End; gravou os álbuns-conceito para os musicais “Bluebird”, “Khalevala” (no papel principal), “Song of Solomon” (no papel principal) e outros.

Outros projetos:

Além de sua carreira teatral, Karimloo é músico e compositor. Lançou diversos EPs, incluindo “Within the Six Square Inch”, “The Road to Find Out: East” (2014), “The Road to Find Out: South” (2016), “The Road to Find Out: North” (2022) e “The Road to Find Out: West” (2023), nos quais explora uma fusão de estilos musicais, demonstrando sua versatilidade artística, além do álbum “Ramin” e “From Now On”.

Ramin Karimloo canta Edelweiss, de A Noviça Rebelde, em seu EP:

Ele participou e ainda participa de várias séries de shows, incluindo os shows “From the Rehearsal Room”, gravados em vários lugares do mundo com seu amigo Hadley Fraser; “The Reunion”, gravados novamente em vários lugares do mundo (normalmente na Ásia, onde tem uma base de fãs muito grande) com grupos que variam de vários grandes nomes do teatro britânico, incluindo pessoas como Earl Carpenter, Bradley Jaden, Holly Ann Hull, Samantha Barks, Sierra Boggess, Celinde Shoemaker, Kelly Mathieson, Hadley Fraser, (…); e seus shows com sua banda, Broadgrass.

Ramin Karimloo canta If I Can’t Love Her, de A Bela e a Fera, em um show “From the Rehearsel Room”

Além disso, é também ator na televisão e no cinema, tendo interpretado o médico Kian Madani na famosa série médica de televisão britânica Holby City, da série britânica The Spa, e participado mais recentemente de alguns filmes musicais e não musicais. Também interpretou São José em um documentário do History Channel chamado “Jesus: His Life”, sendo o ponto focal do primeiro dos oito episódios, e aparecendo também no segundo.

Ramin Karimloo como Kian Madani em Holby City

Já se apresentou com grandes personalidades da música, incluindo Barbra Streisand e Nicole Scherzinger.

Ramin Karimloo canta com Nicole Scherzinger:

Ramin também já cantou em vários eventos célebres, incluindo o Miss Mundo 2011, o Royal Variety Performance 2011 (cantando com Nicole Scherzinger), o Broadway Classics in Concert at the Carnegie Hall (cantando com um grupo de grandes nomes do teatro, incluindo Sierra Boggess, Laura Osnes, Norm Lewis, Lea Salonga, Ryan Silverman, Tony Yazbeck, Michael Arden, Carolee Carmello, Allan Corduner, Nikki Renêe Daniels e Quentin Earl Darrington), o Toronto Symphony 2018, e o Remembrance Festival 2021, dentre muitos outros.

Ramin Karimloo canta I Vow To Thee My Country no Remembrance Day de 2021, no Royal Albert Hall vazio, devido a pandemia:

Um iraniano em palcos do mundo:

Ramin é um dos poucos nomes do Oriente Médio a atingir seu nível de sucesso no teatro mundial. Sobre isso, comentou que a princípio não teve apoio da família, sobretudo do pai mais conservador – que tinha sido militar. Em entrevistas, já comentou, com bom humor, que hoje em dia seu pai – que conhecidamente é um grande fã do filho, curtindo publicações que fãs fazem sobre ele nas redes sociais – gosta de dizer que sempre soube que Ramin daria certo na carreira de artista, ao que ele responde que isso definitivamente não é verdade.

Ouça Ramin Karimloo cantando Find My Guide como Shams Tabrizi no musical inteiramente produzido por artistas do oriente médio Rumi:

Foi o primeiro homem árabe a interpretar o Fantasma da Ópera em Londres, e tem o imenso mérito de ter dominado o papel e se tornado um dos maiores nomes da história do musical. Inspirou e ainda inspira muitos artistas do oriente médio, como, por exemplo, o também grande nome do teatro musical britânico Nadim Naaman, que já interpretou Raoul e Fantasma em O Fantasma da Ópera, dentre outros papéis célebres, e é o compositor do musical Rumi, interpretando também o papel título. Naaman, libanês, disse em entrevistas que Ramin foi a primeira pessoa que ele viu nos teatros do West End “com um nome parecido com o dele” interpretando os papéis icônicos dos maiores musicais do mundo, e que isso o inspirou a seguir sua carreira no mesmo caminho.

Ramin como São José em Jesus: His Life

Ramin declaradamente tem muito orgulho de sua ancestralidade iraniana, buscando cada dia mais interpretar papéis relacionados ao Oriente Médio – como Shams Tabrizi em Rumi, Kian Madani em Holby City, São José em Jesus: His Life, e Owais no filme Bound. Seu canal no YouTube, ARoamingIranian, faz homenagem a seu país de origem. Em entrevistas recentes, Karimloo disse se considerar um itinerante, visto ter nascido no Irã, morado na Itália, ter crescido e ser cidadão do Canadá, viver com a família na Inglaterra e hoje em dia passar boa parte do seu tempo nos Estados Unidos por conta do trabalho.

Masculinidade, estereótipos e expectativas:

Por uma série de fatos, incluindo seu tipo físico e aparência, os papéis que interpretou, sua potente voz de barítono, suas tatuagens e o fato de ser um homem visível e estereotípicamente heterosexual em uma indústria considerada por muitos como mais propícia para homens gays, Ramin ficou conhecido no mundo da Broadway como um parâmetro de masculinidade, algo que ele já disse o incomodar – já que, em sua opinião, isso vem com muitos estereótipos negativos e pode reforçar comportamentos e percepções com os quais ele não concorda. Nesse sentido, já disse estar cada vez mais consciente da imagem que passa, das coisas que publica na internet e, de maneira geral, da forma como é percebido, para evitar ser visto de uma maneira que passe a impressão de uma masculinidade tóxica e exagerada. Um exemplo sutil disso, talvez, tenha sido o fato de ter aprendido a dançar – algo que nunca tinha feito antes, tendo passado anos dizendo que era muito ruim – para seu papel como Nicky Arnstein em Funny Girl.

Recentemente, o ator fez piada numa entrevista dizendo que conhecer Antônio Banderas o fez duvidar de sua sexualidade. “Eu sou heterosexual, não sou?”, ele diz, rindo, ter pensado quando conheceu o ator durante um show que fez com Barbra Streisand. Veja o trecho da entrevista aqui:

Apaixonado pelo mundo fitness e por exercício, paixão essa que divide com a mulher, Ramin é conhecido também por seu corpo, algo sobre o qual já falou também. Até cerca de um ano atrás, o ator costumava publicar vídeos e fotos de seus exercícios na internet, mas apagou todas as publicações desse estilo – incluindo todas as publicações em que aparecia sem camisa, mesmo que não estivesse se exercitando – e não as faz mais pois, de acordo com ele, chegou a conclusão de que não apenas essas publicações ajudaram a coloca-lo numa caixinha de masculinidade “macho-man” muito exagerada que o incomodava, como também acredita que seu corpo e sua aparência tiveram um impacto real nas expectativas estéticas e físicas extremas que a indústria do teatro musical coloca sobre seus performers masculinos – o chamado Broadway Body -, e também na autoimagem negativa de outros artistas, sobretudo jovens, entrando na área. Além disso, já falou de maneira transparente sobre a realidade das fotografias em que aparece sem camisa, comentando sobre questões como poses, retesamento dos músculos e outros truques que fazem seu corpo parecer mais fora da realidade do que de fato é.

Treinamento:

Conhecidamente, Ramin nunca teve treinamento formal; ele nunca fez aulas de canto ou de música, e é muito transparente a respeito disso, admitindo inclusive que, apesar de tocar o violão e o piano, sequer sabe ler uma partitura, e tem pouquíssimo conhecimento técnico vocal. Exatamente por isso, sempre declina dar conselhos formais para qualquer jovem artista, dizendo repetidas vezes que não se sente confortável em ensinar algo do qual não entende, e que qualquer coisa que pudesse dizer não teria embasamento técnico, mas apenas anedotal, e indicando, ao invés disso, a procura de profissionais qualificados, algo que ele deixa claro não ser. Ao mesmo tempo, porém, Ramin coloca em evidência o fato de que uma carreira artística não depende de treinamentos longos e dispendiosos e de anos de estudo formal.

Vida pessoal:

Ramin é muito privado com sua vida pessoal, tendo desistido de publicar qualquer coisa privada nas redes sociais em 2023, e passado a usar suas redes exclusivamente para postagens profissionais. No âmbito pessoal, é casado com Amanda Ramsden, hoje Amanda Karimloo, uma ex-dançarina que conheceu enquanto os dois atuavam em shows de cruzeiros na juventude, atualmente Personal trainer, com quem tem dois filhos, Jaiden Karimloo – que libera suas próprias músicas sob o nome artístico de Mumble – e Hadley Karimloo. A família vive em Essex, na Inglaterra, embora hoje Ramin se divida entre o Reino Unido e Nova York.

Ramin levou o filho mais velho à uma apresentação em 2012:

Um iraniano itinerante…

Com uma voz que emociona e uma presença de palco que magnetiza, Ramin Karimloo há duas décadas redefine o que significa contar histórias através da música. Desde suas origens em um contexto de adversidade até seu estrelato nos palcos mais prestigiados do mundo, sua trajetória é uma prova de que talento, dedicação e paixão podem transformar vidas – não apenas a sua, mas também as de todos que têm o privilégio de assistir às suas performances – e uma inspiração para outros artistas de origens similares às suas.

Sua trajetória, desde o nascimento em meio à turbulência política no Irã até se tornar uma estrela do teatro musical internacional, é um testemunho de talento, determinação e paixão pela arte. O ator é, sem dúvida, um dos grandes nomes da atual geração no teatro musical e na música, continuando a encantar audiências ao redor do mundo com suas performances cativantes e presença de palco inigualável, solidificando sua posição como um dos principais expoentes do teatro musical contemporâneo, já tendo feito história antes, e continuando a fazê-la hoje. Um artista que vale a pena ser ouvido.

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