Jenipapo, de Luciana Simon de Paula Leite e publicado pela Editora Artera, é uma ficção inspirada em fatos reais. Episódios e obras da vida do padre jesuíta Giovanni Gallo, fundador do museu do Marajó, atuam como pano de fundo da obra para relatar a realidade do interior do Marajó, descrevendo violações a direitos humanos e ao meio ambiente, buscando divulgar o museu do Marajó, concebido para ser um chamariz do turismo sustentável e assim, propiciar desenvolvimento e fontes de subsistência ao povo da região, de cultura e biodiversidade riquíssima.
“Sua vida, achava ela, era boa embora a preocupação constante, diuturnamente, fosse o que comer. O quintal era vasto, havia o rio, os campos alagados, pássaros multicoloridos, bichos, pequenas flores para olhar” (p. 56)
Giovanni Gallo, padre jesuíta que se instalou na região albergada pelo Município de Santa Cruz do Arari na década de 1970 e que fundou o Museu do Marajó, esforçou-se para o desenvolvimento sustentável do Marajó mediante combate à pobreza extrema.
“…Porque se ele visse os tons coloridos das penas das aves, o azul marcado do céu, ο verde dos campos e das plantas na beirinha dos rios, dos igarapés, aí é que iria gostar mais ainda de tudo isso aqui. Seria mais fácil, concorda?…” (p. 62)
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“…Mas quando vejo este belo museu, a riqueza cultural e o verdadeiro empoderamento que ele provocou ao tornar seu olhar de validação aos humildes, em especial, tenho a sensação magnífica de que este mundo pode ser um lugar melhor, sabe?” (p. 122)
A atualidade da temática é irrefutável posto concernente à preservação da Região Amazônica e seus problemas múltiplos, tais como aquecimento global, risco à subsistência, segurança e saúde de comunidades ribeirinhas e quilombolas, poluição ambiental, sem olvidar a dinâmica das relações humanas instigando reflexões sobre capacitismo, racismo, abuso sexual infantil, afeto, parentalidade, conjugalidade, entre outros fatores. Mas é a sombra de Giovanni Gallo, com seu incondicional apreço ao Marajó, sua cultura e natureza e, especialmente, seu franco desejo de concorrer para a melhoria de qualidade de vida do homem marajoara, prestigiando sua história e estimulando autoestima, que inegavelmente permeia a obra, absolutamente atual, cuja leitura é necessária.
Sobre a autora:
Luciana Simon de Paula Leite, paulistana, juíza de direito há 32 anos no TJ/Sp. Colunista da revista digital Magis no tema direito das mulheres, tem contos publicados, textos em livros jurídicos e três romances publicados: Para Nossas Meninas, 2021, Editora Autografia, romance sobre violência doméstica com orientações jurídicas; Posso te Pedir uma Coisa? , 2024, Edit Lumen Júris, romance sobre adoção tardia, contendo orientações técnicas; Jenipapo, 2024, romance (ficção inspirada na vida e obra de Giovanni Gallo), editora Artera.
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