“Gravidade Zero”: monólogo de Mário Bortolotto retrata sonho de liberdade daqules que não se adequam nunca

O monólogo escrito pelo dramaturgo Mário Bortolotto, “Gravidade Zero”, estreou em março de 2021, em meio a pandemia, de forma on-line. Após mais de três anos de sua estreia, o ator Eldo Mendes e o diretor e cenógrafo André Kitagawa retomam esse texto, que é uma verdadeira obra-prima, em um teatro intimista e aconchegante, o Teatro Garagem.

Com caráter pessoal e intimista, o monólogo traz um personagem de espírito sonhador e libertário e que, por isso mesmo, vive inconformado e atormentado pelas restrições que o mundo dos homens e suas regras lhe impõem. Desde pequeno, obcecado pela ideia de voar, de pairar sobre o chão, como que na ausência da gravidade, suas aspirações parecem não ter lugar em um mundo que teima em puxá-lo ao chão frio da realidade.

Um mundo onde os patos, que tanto admira, são caçados de maneira covarde por motivos torpes. Onde até o Super-Homem foi confinado a uma cadeira de rodas. Acuado, deprimido, isolado, o personagem está destinado a um trágico fim.

Segundo o autor, a peça é “A metáfora para a liberdade tão almejada por aqueles que não conseguem se adequar a um mundo que exige a correção e a estabilidade. Um voo incerto, mas que provém da natureza dos que se arriscam além do que a vida oferece. O personagem é um sonhador, existencialista, alguém que se recusa a submissão das regras impostas.

“Gravidade Zero” é um salto no escuro por uma fresta de porta que não promete nenhum tipo de segurança, mas que inspira a liberdade dos que ainda se permitem negar a norma subserviente”.

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O sonho da liberdade é o tema principal da peça, na verdade, é o tema da vida de cada um de nós. O que nos sufoca? O que nos prende ao chão, nos impedindo de voar? Trabalho, rotina, família, responsabilidades com filhos, com pets, com plantas; são tantas ocupações, tantos lugares que temos de estar nas poucas horas dos nossos dias que, Bortolotto, nesse belíssimo e poético texto, nos faz questionar sobre as coisas que podemos talvez não levar tão a sério para sairmos, quem sabe, um pouquinho do chão.

Sobre Mário Bortolotto:

Mário Bortolotto nasceu em Londrina-PR em 1962. Além de dramaturgo, é diretor e ator. Em 1982, fundou o grupo Cemitério de Automóveis com o qual continua trabalhando. Escreveu sobre cinema, literatura, teatro, música, histórias em quadrinhos e futebol para os jornais “Folha de Londrina “, “Correio Londrinense” e “A Notícia “, de Joinville – SC. Também assinou matérias para “Folha de São Paulo”, “Estado de São Paulo”, Revista Trip e Revista Vip.

Em 2000 ganhou os prêmios APCA pelo conjunto da obra e Shell de melhor autor por “Nossa vida não vale um Chevrolet”, que posteriormente ganhou adaptação cinematográfica com direção de Reinaldo Pinheiro.

Ficha Técnica

Atuação: Eldo Mendes

Texto: Mário Bortolotto

Direção e cenografia: André Kitagawa

Iluminação: Ademir Muniz

Produção: Gabriela Fortanell

Serviço

Quintas-feiras, dias 28/11, 05/12 e 12/12 às 21h.

R$ 66 inteira e R$ 33 meia.

Local: Teatro Garagem – Rua Silveira Rodrigues, 331A – Vila Romana

Ingressos: venda local ou pelo Sympla – https://www.sympla.com.br/evento/gravidade-zero/2744339

Classificação Indicativa: 14 anos

Duração: 50 minutos

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