A dupla baiana de artistas Lucas Feres e Lucas Lago, que apresentam trabalhos em múltiplas linguagens artísticas, promovem a mostra “Projeto Invasões”, um debate que atravessa a relação entre cidade, memória e poder. Dentre vídeos, fotos e objetos, a investigação dos artistas enquadra a Baía de Todos os Santos, em Salvador, como um território permeado por tensões e disputas, recorrendo ao imaginário das invasões marítimas coloniais para revelar as inúmeras camadas que compõem a região. E como o Brasil em lindas baías, não?
Traçando um paralelo entre a Baía de Todos os Santos, em Salvador, e a Baía de Guanabara, em Niterói, a mostra discute as ressonâncias entre o projeto colonial e os atuais processos de especulação, cercamentos, esquecimentos e ocultamentos nessa paisagem. Segundo os historiadores da arte Joyce Delfim e Nathan Gomes, curadores da exposição, os artistas inscrevem seus trabalhos no passado colonial das cidades de Salvador e Niterói através do uso do termo invasão, em oposição à ideia de ‘descoberta’ ou ‘encontro’.
Parte do material exposto resulta de uma série de performances realizadas entre 2017 e 2018, nas quais a dupla de artistas “invadiu” três pontos da Baía de Todos os Santos: a praia do Museu de Arte Moderna da Bahia, o complexo turístico Bahia Marina e o Forte de São Marcelo. As invasões foram realizadas pela figura mítica da “santa vermelha”, fosse ela encarnada no corpo de um dos artistas, bordada em um estandarte ou ainda como uma escultura em gesso.
A escolha desses locais considerou o fato de que o acesso a cada um desses espaços estava completamente ou parcialmente vedado à população no momento da execução do trabalho. Para esta montagem no Sesc Niterói, contemplada pelo edital Sesc Pulsar 2023/2024, a dupla produziu obras inéditas que exploram a articulação entre as baías, com base nas narrativas de origem Tupinambá de ambas.
A visitação é gratuita e estará aberta até 9 de novembro, de terça-feira a sábado, das 10h às 16h, na Galeria de Arte do Sesc Niterói. Endereço: Rua Padre Anchieta, 56 – São Domingos, Niterói/RJ.