“Hervelino”: livro de memórias de Mathieu Lindon retrata as muitas faces da perda

Um apelido íntimo, delicado, símbolo de uma amizade profundamente terna, é o título deste livro: Hervelino. Quando gentilmente Mathieu Lindon abordou Hervé Guibert, que se esquivava sozinho no canto do apartamento de Michel Foucault – “Você está de castigo, Hervé Guibert?” –, não sabiam ainda os dois jovens da intensidade da relação que se avizinhava. Um amor amigo desses difíceis de retratar, talvez mesmo indizível, sobretudo se observado através do luto que tragicamente o interrompeu.

Nessas páginas marcadas pela melancolia, sim, mas também pela leveza que o correr dos anos permite, Mathieu Lindon recordará principalmente os anos que ele e Hervelino passaram na Itália, no final da década de 1980, como bolsistas da Villa Médicis, marcados pela recente descoberta de que Guibert era soropositivo.

“A primeira vez que nos vimos, no verão de 1978, quando Michel Foucault organizou nosso encontro durante uma pequena recepção, superei minha timidez para me aproximar dele dizendo, já que ele estava sozinho em um canto do apartamento: “Você está de castigo, Hervé Guibert?” E ele deve ter falado de mim de maneira semelhante, pois me contou que, quando nos conhecíamos fazia apenas algumas semanas, uma amiga dele tinha tocado seu interfone e, quando Hervé perguntou quem era, ela respondeu “Mathieu Lindon”, desafiando toda verossimilhança, mas querendo dizer que era nesses termos que ele se referira a mim. Nossos nomes importavam, os que tínhamos e os que nos dávamos. Hervelino seria ressuscitável?”

Hervelino faleceu em 1991. O livro em sua homenagem, entretanto, chegou ao mundo somente em 2021, tamanho o trabalho que este luto aqui exposto exigiu.

Esta autobiografia em permanente conversa com o outro é a homenagem de Lindon ao amigo, um dos grandes escritores franceses da segunda metade do século XX, que o consagra como um mestre do romance memorialista. Hervelino está presente em cada linha desta honestíssima ode ao amor.

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Sobre o Mathieu Lindon:

Mathieu Lindon nasceu em 1955. Escritor e crítico literário, trabalha há muitos anos no jornal Libération. Autor de diversos romances, recebeu em 2011, por O que amar quer dizer, o Prêmio Médicis. Foi amigo próximo de Michel Foucault e Hervé Guibert, figuras constantes em sua obra.

A editora lança também uma nova edição do livro O que amar quer dizer.

Ficha Técnica:

TítuloHervelino

Autor: Mathieu Lindon

Tradução: Márcia Bechara

ISBN: 978-85-69020-84-4

Tipo: brochura

Páginas: 152

Tamanho: 16 x 23 cm

Preço: 76,00

Editora: Nós

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