“O cobre e os figos”: Thays Horst destrincha seus sentimentos com poesia visceral

Em meio a um contexto de bullying, infância solitária, transtorno de personalidade borderline e múltiplas personalidades, a poeta catarinense Thays Horst, de “O cobre e os figos”, encontrou na escrita uma forma de elaborar suas emoções

Solidão, depressão, parentalidade, transtorno de personalidade borderline e suas implicações são temas recorrentes dos versos do livro de estreia da catarinense Thays Horst (@thays.horst). Publicado pela editora Paraquedas, “O cobre e os figos” (212 pág.) (d)escreve o mundo da autora, seus enfrentamentos, dores e dissociações, inspirado em um contexto de isolamento por conta da pandemia da Covid-19 e momentos de ruptura familiar.

Com orelha assinada pela poeta, dramaturga e doutoranda em Literatura pela Universidade de São Paulo (USP), Carla Kinzo, e capa e ilustrações da artista visual Cândida Matos, a obra está disponível para venda na loja da editora

Thays sempre conviveu com a depressão, mas nunca esteve pronta para a terapia. “Desde pequena sofri com relacionamentos tóxicos. Escrevo desde a adolescência, mas parei por anos no início da minha vida adulta. Após a piora dos sintomas de depressão e uma tentativa de suicídio, descobri que tenho transtorno de personalidade borderline”, explica.  Com a polarização política, Thays também teve uma ruptura familiar. “Voltei a escrever nesse contexto e, aos poucos, fui encontrando as imagens e sentimentos que queria expor. Foi um processo de aceitação, revisão e dor, mas também de enxergar a beleza nesses processos.”

“Em seus poemas, Horst lança granadas, explode muitos cenários, mas não deixa de falar em renascimento — como se a vida, algumas vidas precisassem se fazer a partir do que resta depois do que se rompe”, analisa Carla Kinzo, na orelha. “Temos a sensação de que Horst escreve com as mãos, mas também com o que está dentro delas — tendões, veias, sangue. É pela presença aguda do corpo em cena que vamos nos colocando em cada um dos poemas do livro; como leitores, somos convocados à sua presença, ocupando pontas de versos e o coração de cada uma das páginas, sentindo ainda sua pulsação depois que elas acabam.”

Assim como sua poesia, Thays é visceral e busca na anatomia as referências para transformar palavras em algo  gráfico, palpável, com cheiro e forma. Estudante de psicologia, a poeta descobriu nas aulas de anatomia um interesse visceral de descrever os sentimentos. Desde então, tem um fascínio pelas estruturas do corpo e encontrou inspiração para seus poemas em um meio pouco usual: livros de medicina.

Ela não possui um processo ou método específicos de escrita. Pensa em pedaços soltos, combinados ao que está acontecendo consigo e ao seu entorno. A princípio tinha a meta de escrever um texto por mês, mas após a finalização de “O cobre e os figos” escreve quando sente necessidade. Sobre trabalhos futuros, Thays afirma: “Meu projeto é continuar escrevendo”.  Apaixonada por música, Thays vive com seus cinco gatos — Bilbo, Aragorn, Isaac  Newton, Mirtilo e Geleia — e também com sua cachorrinha Moon. 

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