Livro revela que Tiradentes teria sido trocado por outra pessoa e fugiu da forca

Um romance histórico, publicado pelo escritor piauiense Assis Brasil, sugere que Tiradentes teria escapado da forca e, assim, da morte. O autor, nascido no Piauí, faleceu no ano passado aos 92 anos de idade. No livro, encontraremos outra versão para a participação de Tiradentes na Inconfidência Mineira. Assis conta que o tão louvado herói nacional não foi enforcado no dia 21 de abril de 1792. Assim, ele teria sido trocado por outra pessoa e fugido da forca, operação realizada pela Maçonaria com a qual, supostamente, Tiradentes mantinha contato.

Em artigo escrito pela pesquisadora Vanessa Maira de Aquino Santos da Universidade Federal do Piauí – UFPI, Assis Brasil além de apresentar essa outra versão a respeito de Tiradentes, mostra uma série de estratégias de perpetuação de sua imagem como herói nacional. A pesquisadora conta que estas estratégias foram desenvolvidas pelos governantes brasileiros até em situações de golpe como o caso da ditadura.

Veja também: Romanceiro de Inconfidência: 12 trechos da obra apaixonante de Cecília Meireles

Essa outra face de Tiradentes tem como justificativa epígrafes e citações de historiadores. O que faz Assis Brasil, segundo a Vanessa é uma miscelânea dos discursos históricos oficiais e dos não-oficiais num movimento de contraposição entre os mesmos.

Além disso, o autor faz uso de trechos de documentos relativos à Inconfidência, principalmente os Autos da Devassa. Este foi o nome recebido pelo processo judicial contra os inconfidentes. Esses documentos ora são questionados por suas lacunas, ora são trazidos como reafirmação do que está sendo defendido pelo romance.

No seu romance, Assis Brasil escreve:

– A História oficial, dos vencedores, é sempre mentirosa observa o alferes.

– Sem dúvida, é preciso que se conte também a história dos derrotados e injuriados de toda parte. Bem, se o historiador do futuro quiser estudar a Inconfidência Mineira e ficar apenas restrito aos documentos das devassas, estará bastante limitado em seu conhecimento sobre a rebelião. E, por outro lado, precisariam os historiadores se despirem de preconceitos para admitir a interferência da maçonaria. Se irmãos e tendo passado pelos ritos da Ordem, bem que poderiam penetrar nos arquivos secretos da seita. (BRASIL, 1999, p. 409)

Veja também: Quando Cecília Meireles cantou a Inconfidência Mineira

Fonte: NAS TRAMAS DA HISTÓRIA E DA FICÇÃO, UMA LEITURA DE TIRADENTES: PODER OCULTO O LIVROU DA FORCA, DE ASSIS BRASIL. Autoria: Vanessa Maira de Aquino Santos (UFPI), publicado na Revista de Estudos Literários da UEMS ANO 4, v.1, Número 6

Para ler o artigo completo, acesse:
https://periodicosonline.uems.br/index.php/REV/article/view/363/333

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