A trajetória literária de Hilda Hilst

Hilda Hilst (1930-2004) destacou-se como uma das escritoras da literatura contemporânea com diversas obras publicadas, incluindo a prosa, a poesia e a dramaturgia. Publicou seu primeiro livro de poemas, Presságio, em 1950. Concluiu o curso de Direito em 1952, mas optou por dedicar-se à escrita. Após o contato com a obra do grego Nikos Kazantzákis, decidiu afastar-se da vida urbana e social. Em 1966, mudou-se para a Casa do Sol, próxima a Campinas, e permaneceu lá até o fim da vida, escrevendo suas obras.
Estão entre as obras mais antigas: Balada de Alzira (1951), Trovas de muito amor para um amado senhor (1959), Júbilo, memória, noviciado da paixão (1974), Cantares de perda e predileção (1980), Amavisse (1989), Fluxo-floema (1970), Tu não te moves de ti (1980) e Com meus olhos de cão e outras novelas (1986).
Considerada por muitos como hermética e complexa, a escritora queixava-se que não era lida. Por isso, no início da década de 1990, resolveu abordar uma nova temática com objetivo de conquistar maior número de leitores, fase que já havia iniciado com a publicação do livro A obscena senhora D., em 1982. Nessa época, publicou O caderno rosa de Lori Lamby (1990), Contos D’Escárnio (1990), Cartas de um sedutor (1991) e Bufólicas (1992). Foi duramente criticada por vários editores que negaram a publicação de suas obras. Alguns anos depois, teve obras traduzidas para o francês e italiano. Em 1993, ganhou o prêmio Jabuti, pelo melhor conto Rútilo nada. Porém, a “fase obscena” não alavancou as vendas, tampouco popularizou a leitura de suas obras. No decorrer do tempo, passou por várias dificuldades financeiras, e, em 1993, sua saúde começou a se mostrar debilitada.
Somente no fim da vida, percebeu as possibilidades de maior alcance literário com o contrato para a publicação completa de suas obras pela Editora Globo e a venda de parte de seu acervo para o Centro de Documentação Cultural de Alexandre Eulálio, da Unicamp. Em 2002, recebeu o prêmio Moinho Santista na categoria poesia. Logo após, em 2003, surgiu a parceria entre Hilda e Zeca Baleiro. O cantor musicou alguns poemas de Júbilo, Memória, Noviciado da Paixão (1974) e o álbum, intitulado Ode Descontínua e Remota para Flauta e Oboé: De Ariana para Dionísio, foi lançado em 2005, reunindo a participação de diversas cantoras.
Após vários anos da morte da escritora, sua obra continua sendo revisitada por pesquisadores, críticos, cineastas e professores acadêmicos e passou a ser traduzida em diversas línguas. Além disso, recentemente, vários outros livros foram reeditados e reunidos em Da poesia (2017) e Da prosa (2018), pela Companhia das Letras. Neste ano, foi a homenageada na Festa Literária Internacional de Paraty (Flip 2018), demonstrando que seu legado permanece vivo, atraindo antigos e novos leitores.

Conheça um dos poemas de Hilda Hilst, na voz de Maria Bethânia, musicado por Zeca Baleiro:

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