A literatura infantojuvenil contemporânea brasileira em 9 nomes

A produção infantojuvenil nacional forneceu nomes gigantescos à literatura em geral. Do pioneiro Monteiro Lobato aos contemporâneos Ruth Rocha e Pedro Bandeira, são vários e extraordinários os autores infantojuvenis do país, que tão bem justificam a necessidade da literatura para esse público. As narrativas infantojuvenis, longe de serem “menores” do que a literatura feita para “adultos”, traduzem temáticas humanas – e inevitavelmente profundas – naquela linguagem singela e poética que comunica à criança. Tão transparente e tão sensível que causa catarses até no leitor crescido.

Apesar disso, os autores que escrevem para esse público não ocupam tantos espaços de reconhecimento. Pensando nessa questão, separamos 9 autores contemporâneos (e brasileiros!) para conhecermos melhor o elementar-essencial da literatura infantojuvenil:

1 – Lalau e Laurabeatriz

A dupla Lalau e Laurabeatriz, autor e ilustradora respectivamente, trabalhou junta na produção de mais de 20 livros em poesia e em prosa. O primeiro livro deles, e o primeiro exemplar escolhido pelo projeto Leia para Uma Criança (Fundação Itaú Cultural), é o Bem-te-vi, livro de poesia que traz os lindos versos:  “No mar/ Tem siri e ostra,/ Marisco e lagosta,/ Bichos bonitos,/ Bichos esquisitos./ O mar/ É lindo e gozado./ A gente entra doce/ E sai salgado”. A dupla também é reconhecida pela coleção Brasileirinhos, dedicada aos animais da fauna brasileira.

Para ler: Que João é esse? Que Maria é essa?

2 – Heloisa Prieto

A autora e tradutora paulistana de mais de 40 livros publicados é um dos nomes mais recorrentes da nossa literatura infantojuvenil, tendo sido co-autora da série Mano, com Gilberto Dimenstein, que deu origem ao filme As Melhores Coisas do Mundo (dir. Laís Bodanzky). Seu primeiro livro, Duendes e Gnomos, publicado em 1992, é fruto de uma minuciosa pesquisa iconográfica e literária sobre esses “seres maravilhosos” e que persistem no imaginário infantil até em tempos de videogames. Também autora da literatura para adolescentes, Prieto escreveu Lenora e Ian. 

Para ler: A Princesa que Não Queria Aprender a ler.

3 – Daniel Munduruku

Autor de mais de 50 livros e ganhador do Jabuti em 2017 com seu Vozes ancestrais, Munduruku, pertence à etnia do sudoeste do Pará, de mesmo nome, e se consolidou por suas narrativas infantojuvenis sobre a cultura indígena como Contos indígenas brasileiros. Doutor em Educação pela Universidade de São Paulo, o autor também redigiu O banquete dos deuses – conversa sobre a origem e a cultura brasileira, um livro essencial sobre a contribuição indígena para a história brasileira escrito para crianças, pais e, principalmente, educadores, trazendo propostas interdisciplinares para tratar o tema em sala de aula.

Para ler: Meu vô Apolinário: um mergulho no rio da (minha) memória.

4 – Gilles Eduar

Autor e ilustrador filho de francesas, Gilles Eduar é brasileiro e descobriu sua paixão pela literatura infantil ao trabalhar na livraria voltada para crianças, no Museu do Louvre, em Paris. Hoje, já contribui com ilustrações e escreveu mais de 40 livros, publicados no Brasil e na França e traduzidos para o inglês e o coreano. No país, seu primeiro livro publicado foi Ossos do ofício, que conta de Nilo, um cachorrinho que um dia sai de casa bem cedo e começa a vagar sem rumo, até começar a se interessar pelos trabalhos que as pessoas exercem.

Para ler: Brasil 100 palavras.

5 – Carlos Eduardo Novaes

Carioca, Novaes é também cronista, romancista, contista e dramaturgo, tendo produzido literatura infantojuvenil desde os anos 70. O mais famoso deles é O menino sem imaginação, cuja história sobre a alienação causada pela televisão é mais apropriada do que nunca. A história narra Tavinho, um menino que precisa desenvolver sua imaginação depois que ocorre uma pane no sistema de telecomunicação e ele precisa aprender a lidar com a falta da tv.

Para ler: A lágrima do robô.

6 – Maurício Negro

O ilustrador e escritor Maurício Negro é outro autor que traz a diversidade cultural para sua literatura. Tem identificação com temas mitológicos, ancestrais, ecológicos, populares, identitários e relacionados às expressões e raízes da cultura brasileira. Em seu livro Quem não gosta de fruta é xarope, por exemplo, Negro trata de forma bem-humorada e poética a riqueza tropical das frutas brasileiras. Já em Gente de cor, cor de gente, mais recente, o autor aborda a complexidade da questão racial a partir do eufemismo “gente de cor”.

Para ler: Jóty, o Tamanduá.

7 – Eva Furnari

Nascida na Itália, a autora e escritora já conquistou sete prêmios Jabuti na categoria InfantoJuvenil e conta com uma obra de mais de 60 livros. Com um traço artístico facilmente reconhecido, Furnari é autora de grandes histórias como A bruxinha atrapalhada e Felpo Filva.

Para ler: Operação Risoto.

8 – Roger Mello

Escritor e ilustrador com traços fortes e coloridos, Roger Mello já foi indicado ao prêmio Hans Christian Andersen, o Nobel da literatura infantil, por sua obra como ilustrador. Mas sua produção escrita também se revela uma importante contribuição à produção nacional. Em Meninos do mangue, o autor explora a importância e riqueza cultural dos mangues brasileiros e também denuncia o trabalho infantil.

Para ler: Carvoeirinhos.

9 – Lygia Bojunga


Talvez um dos nomes mais reconhecidos dessa lista, Bojunga é gaúcha de Pelotas e já trabalhou como atriz de rádio e televisão antes de se dedicar à literatura. Seu Magnus opus, A bolsa amarela, conquistou o prêmio Hans Christian Andersen, o mais importante da literatura infantojuvenil mundial. Tida como uma sucessora de Lobato no que diz respeito à profundidade de sua obra voltada para crianças e jovens, Bojunga teve sua obra traduzida para mais de 13 línguas.
Para ler: Angélica.

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